
O duo Esse Que Nem Outro toca chorinho, um estilo de samba brasileiro que agrada muito no Brasil, ao contrário por exemplo da Bossa Nova, que só tem entrada em meio a um público de opinião mais especializada. O que não quer dizer que Evandro Gracelli e Vinícius Degenaro não sejam especializados em música. Ambos vêm de uma sólida formação e são músicos profissionais.
2 comments:
Claudio, me considero um leitor assiduo e atento.
Estou me mordendo por dentro pois nao sei como falar isso, mas acho melhor falar, com a melhor das intencoes.
É que eu acho que o segundo paragrafo do teu texto sobre o Esse Que Nem Outro tem algumas imprecisões. Eu nao diria que o choro é um estilo de samba (pode ser que ha até quem diga isso, mas é no mínimo controverso, até porque o choro veio antes). Eu também nao diria que a bolsa nova é mais sofisticada que o choro, ou é menos escutada no Brasil. Talvez nem seja isso o que você tenha dito, mas é a impressão que o teu texto passa.
Eu diria que as composições de Tom Jobim e Carlos Lyra (dois dos mais puros bossanovistas) são muito mais conhecidos no país que as de Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo, Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga (pra ficar nos mais famosos, pois se formos falar de Anacleto de Medeiros, João Callado, Zequinha de Abreu etc., aí vira covardia). Isso se deve muito à televisão, trilha sonora das novelas etc. E tb se escuta muito mais bossa nova do que choro nos barzinhos da vida.
As exceções de popularidade suprema no caso do choro seriam o Carinhoso (Pix), o Brasileirinho (W.A.), o Tico-Tico no Fubá (Z.A.) e talvez o Odeon (E.N.) e o Noites Cariocas (J.B.). Só o Tom Jobim teria umas 8 ou 10 num mesmo nível de popularidade, a começar por Garota de Ipanema, Wave etc.
Até mesmo como um efeito colateral da Bossa Nova, o choro "desapareceu" por algumas décadas, sendo "ressucitado" nos anos 70 graças em grande parte às iniciativas do Paulinho da Viola. Depois de um tempo de vacas magras nos 80 (decada perdida tambem no ponto de vista musical) e principios dos anos 90, voltou com força no final dos anos 90 e desde então segue firme, graças a deus.
Pra mim, a bossa-nova é SIM uma derivação do samba (um tipo de samba-jazz, assim como há o samba-rock, samba-reggae etc.), e por isso nem é algo assim tão genial ou revolucionário como dizem (não chego a ser tão radical como o chato do Tinhorão, mas tendo a pensar mais ou menos como ele)... Mas isso também é coisa pra lá de polêmica.
Por tudo isso, MEMORAVEL e ANTOLOGICO mesmo foi o show de uma noite só, protagonizado por Elizeth Cardoso reunindo o grupo mais expressivo da bossa-nova (Zimbo Trio) e o grupo mais expressivo de choro: Jacob do Bandolin e o seu regional Época de Ouro, no Teatro Joao Caetano, em 1968. Para a sorte de todos e da memoria cultural do nosso Brasil, foi registrado em disco: http://www.allbrazilianmusic.com/discos/ver/elizeth-cardoso---jacob-do-bandolim---zimbo-trio---epoca-de-ouro--ao-vivo-teatro-joao-caetano--19fev-68
Desculpe se eu me alonguei, é que esse assunto me instiga...
Abração,
Danilo.
Danilo, meu caro!
Vou tentar reproduzir aqui a minha resposta anterior, mas não sei se conseguirei. Então, posso tentar aprofundá-la. Porém, na minha incompetência jornalística-textual, vou precisar ser sucinto.
Uma crítica ao jornalismo e a mim, pessoalmente, não me agridem. Amigos fazem críticas e você eu considero um amigo meu e do blog.
Infelizmente não sou tão bem informado sobre o samba, estilo que se confunde várias vezes com o nome de nosso país, de tão nosso. Não deveria, mas sou superficial nisso também.
Sou daquela geração que foi influenciada pela música americana muito mais do que a brasileira, infelizmente, e hoje tento correr atrás do prejuízo. Nesse particular, eu inclusive te agradeço.
Conheço ligeiramente a história de Noel Rosa, depois de tê-la lido na obra de Max e Didier. Meu coração é de Vila Isabel, mas minha origem é tijucana.
Mesmo que fosse tão bem informado como você parece ser sobre o nosso samba, há o problema da linguagem jornalística que teria que ser resguardada.
O texto jornalístico precisa ser de fácil acesso até para quem não conhece o assunto. Imagine, por exemplo, um amigo português acessar o nosso site sem nenhum conhecimento sobre o samba. Ele migrará para oura página rapidinho, porque espera sempre que a informação venha em linhas gerais.
Este é um desafio para o qual a minha experiência em jornalismo ainda não é suficiente. Preciso realmente conhecer melhor o samba e ao mesmo tempo saber como escrever sobre ele de forma acessível.
Para isso conto com o nosso café na padaria do Obama, com tudo o que há de atraente lá dentro. Assim, posso ouvir o amigo falar mais sobre esse estilo brasileiro que estou a encontrar com muito carinho em minha vida há mais de 20 nos.
Abraço!!!
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